Global Journal of Human-Social Science, B: Geography, Environmental Science and Disaster Management, Volume 23 Issue 6

dentro do ser humano uma contradição na própria construção da consciênci a 13 Harvey, novamente inspirado em Marx, percebeu e organizou sete esferas de atividade e explica: “nenhuma das esferas é dominante, e nenhuma é independente das outras” (2011, p. 104). A possível mudança deve vir na atuação entre as diferentes esferas: 1. Tecnologias e formas de organização; 2. Relações sociais; 3. Arranjos institucionais e administrativos; 4. Processos de produção e de trabalho; 5. Relações com a natureza; 6. Reprodução da vida cotidiana e da espécie; 7. Concepções mentais do mundo. (2011). O autor alerta para o perigo explicações monocasuais, como é o exemplo da afirmação de que apenas um aspecto (o determinismo tecnológico ou determinismo ambiental ou determinismo de luta de classes, etc.) importa. O . Uma forma de iniciar é exercer algum poder de “controle democrático sobre a utilização dos excedentes na urbanização” (HARVEY, 2014, p. 61). Para ele “a primeira regra para um movimento anticapitalista é: nunca confiar no desdobramento dinâmico de um momento sem calibrar cuidadosamente como as relações com todos os outros estão se adaptando e reverberando” (HARVEY, 2011, p. 186). Harvey enquadra bem a ideia de direito à cidade em sua concepção, quando afirma que esse direito deve ser coletivo, deve erradicar a pobreza, a desigualdade social e a desastrosa degradação ambiental, além de que, no campo das decisões, sejam elas horizontais e não hierárquicas, articuladas pela aliança dos despossuídos e destituídos sob o prisma da gestão democrática da cidade, reguladas pelo igualitarismo radical, esse movimento geraria a criação de um novo bem comum urbano, onde a natureza deixaria de ser tratada como mercadoria e passaria a ser valorizada, respeitada, nutrida e preservada (HARVEY, 2011, 2014). Em outro livro, “Espaços de esperança”, escreve onze direitos universais fundamentais: 1. Direito a oportunidades devidas; 2. O direito à associação política e a um “bom” governo; 3. Os direitos dos trabalhadores envolvidos diretamente com o processo produtivo; 4. O direito à inviolabilidade e à integridade do corpo humano; 5. Direitos de imunidade/ desestabilização; 6. O direito a um ambiente de vida decente e saudável; 7. O direito ao controle coletivo de recursos de propriedade comum a todas as pessoas; 8. Os direitos daqueles que ainda vão nascer; 9. O direito à produção do espaço; 10. O direito à diferença, incluindo o direito ao desenvolvimento geográfico desigual e 11. Nossos direitos como seres da espécie (HARVEY, 2004). 13 Esse é um tópico que merece atenção das contribuições advinda de outros ramos do saber, a exemplo da neurociência, da psicologia, etc. professor expõe que cada mudança tem sua relevância (HARVEY, 2011). Se considerarmos a premissa de Harvey, de que o tipo de cidade ideal deve promover também mudanças comportamentais e mudanças na nossa relação com a natureza, então, como proposição, foi elaborado um quadro sistematizado e elucidativo do tipo de ser humano Harvey propõe e expor sua geografia moral. Dessa forma, o quadro a seguir deve ser visto no conjunto de valores propostos pelo próprio David Harvey em diversas obras. Aqui utiliza-se de empréstimo as palavras do geógrafo ao estimular a leitura de O capital, de Karl Marx, “é vital que você preste muita atenção à grande narrativa e esteja preparado para mudar sua compreensão dos pedaços e das peças, assim como dos resumos que leu anteriormente” (HARVEY, 2013 p.13), o mesmo serve para a obra do geógrafo. O quadro que segue é resultado interpretativo da pesquisa bibliográfica, considerando a técnica da análise de conteúdo, inspirado em Bardin (2011). A análise de conteúdo é um conjunto de instrumentos metodológicos, não seria justo falar em análise no singular, sendo o termo correto análises, no entanto a pesquisa visou focar na análise de conteúdo com base em temas. Ao centrar-se no tema, elaboramos unidades de registro por núcleo de sentido, depois da categorização, procedemos descrição, interpretação e a inferência. Nas palavras de Bardin a análise de conteúdo é Um conjunto de instrumentos metodológicos cada vez mais sutis em constante aperfeiçoamento, que se aplicam a “discursos” (conteúdos e continentes) extremamente diversificados. O fator comum dessas técnicas múltiplas e multiplicadas - desde o cálculo de frequências que fornece dados cifrados, até a extração de estruturas traduzíveis em modelos - é uma hermenêutica controlada, baseada na dedução: a inferência. Enquanto esforço de interpretação, a análise de conteúdo oscila entre os dois polos do rigor da objetividade e da fecundidade da subjetividade (BARDIN, 2011, p. 15). Veja que esta análise busca recortar, no conjunto das obras, os principais conteúdos através do tema escolhido. © 2023 Global Journals Volume XXIII Issue VI Version I 7 ( ) Global Journal of Human Social Science - Year 2023 B David Harvey’s Moral Geography

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