Global Journal of Human Social Science, C: Sociology and Culture, Volume 23 Issue 3

sociabilidade estabelecidas no período 1959 a 2019 (aproximadamente 60 anos de moradia no lugar). II. P RÁTICAS DE L AZER E S OCIABILIDADE NO C ITROLÂNDIA Os encontros que aconteciam entre os habitantes eram alvo de muita expectativa e representavam momentos de diversão no lugar. Alguns habitantes se envolviam na organização e execução de atividades, todavia, elas foram deixando de existir, fato lamentado pelos entrevistados. Tais práticas foram se reduzindo no cotidiano do lugar e praticamente desapareceram. Segundo alguns relatos, o recrudescimento da violência associadas às mudanças mais amplas na vida urbana encontram-se entre as possíveis explicações para o desaparecimento desses eventos que reuniam os habitantes no Citrolândia. É possível observar nas falas, uma crítica, ainda que velada, à pouca atenção que as autoridades destinavam e destinam à região. A lembrança da existência de múltiplas atividades culturais que ocorriam tanto no Citrolândia quanto na Colônia Santa Isabel está presente nos relatos e demonstra como se articulavam as relações entre os vizinhos. Tinha! Garota e garoto do Citrolândia! Gatão do Citrolândia! (gargalhadas). Tinha os concursos promovido pela Emília e pelo Corsino, que era muito bacana. Tinha um movimento bacana no bairro, sabe? Eu acho que é essa questão que eu te falei, quando começou a violência, aí foi acabando, né ? Meio que uma desculpa porque as autoridades podiam colocar mais segurança ao invés de acabar com a cultura do bairro! [...] Já teve muita coisa! Teve. Teve. Tinha baile todo fim de semana do outro lado da BR, na sede da AMARIS. Tinha baile todo fim de semana, tinha muita coisa, assim, futebol, né? (F) (Entrevista realizada em julho de 2019). Fig. 1: Concurso Garota Citrolândia realizado na década de 80 do século XX Assim, alguns grupos se dirigiam ao espaço da Colônia Santa Isabel, onde havia o fomento de espaços para diversão que não se limitavam ao futebol. Nada mesmo. Né ? A não ser a reunião mesmo no campo, que era aberto. Aberto era isso. Depois de um certo tempo eles começaram a ter algumas coisas, mas lá na Colônia, que era na pracinha do Coreto. Não era aqui. Então a gente descia muito, né ? [...] Só que eu descia pra Colônia porque o pessoal, os jovens, tinham mania de reunir lá, às vezes tinha um sonzinho, alguma coisa, naquele coretozinho e ficava ali conversando. Tinha uns bares, barzinhos (L) (Entrevista realizada em junho de 2019). Nas memórias dos habitantes, estão preservadas as lembranças de uma escola de samba que desfilava na rua e levava os seus componentes para o centro da cidade na década de 1980. © 2023 Global Journals Volume XXIII Issue III Version I 2 ( ) Global Journal of Human Social Science - Year 2023 C Leisure Practices in Segregated Spaces: The Case of Citrolândia

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