Global Journal of Human Social Science, D: History, Archaeology and Anthroplogy, Volume 23 Issue 2
Clara Thais Pereira de Andrade Resumo- Este trabalho tem como objetivo abordar o processo de independência do Brasil, visando desconstruir a imagem de que a independência nacional foi pacífica. Nesse sentido, procura-se ressaltar o papel das guerras na independência abordando o caso da Bahia prestando atenção à participação popular, com destaque para a atuação feminina. Palavras chave: independência; guerras; mulheres; participação popular. Abstract- This paper aims to approach the process of Brazil's independence, aiming to deconstruct the image that national independence was peaceful. In this sense, it seeks to emphasize the role of the wars in the independence, approaching the case of Bahia, paying attention to the popular participation, with emphasis on the role of women. Keywords: independence; wars; women; popular participation. I. B reve A nálise da H istoriografia S obre a I ndependência do B rasil nicialmente, para abordarmos o processo de independência do Brasil é necessário compreender a independência nacional como um processo realizado por homens e mulheres que sofreram os males e problemas de seu tempo, ou seja, a emancipação não foi um desfecho natural da história, não era um projeto, nem era inevitável, visto que a história não tem um destino pré concebido em determinada direção (PIMENTA, 2020; RIBEIRO, 1997, p.13; RIBEIRO, s.d., p.1-2). Conforme aponta Ribeiro, essa percepção evolutiva da história com a inevitabilidade do 7 de Setembro se faz centrada ou na perspectiva de grandes personagens históricos ou na chamada crise do sistema colonial, o que tem por consequência a não historicização da construção da identidade nacional e o apagamento da relevância da participação popular no processo (1997, p.14). Assim, realizaremos primeiramente um breve esforço para analisar um pouco da historiografia sobre a temática. Nesse sentido, começaremos a análise com o recorte de meados do século XIX onde havia uma certa preocupação com a produção escrita de uma chamada “História nacional” a qual era baseada em métodos pseudo-científicos e de utilidade política e ideológica muito forte, criando-se assim, a visão de que a Independência foi positiva porque estava assentada na continuidade da dinastia de Bragança e na liderança de D.Pedro I (PIMENTA, 2009, p.61). Por exemplo, autores como João Armitage, Francisco Adolfo de Varnhagen, Manuel de Oliveira Lima e Tobias do Rêgo Monteiro concebiam a independência uma perspectiva de evolução, figuras como José Bonifácio, José Clemente Pereira, Gonçalves Ledo e D. Pedro estariam de certo modo predestinados a conduzirem a separação de Portugal, ou seja, tudo já estaria traçado de certo modo mesmo que na época isto não fosse tão claro para todos (RIBEIRO, 1997, p.15). Então, para esses autores o papel do povo era o de platéia, quer dizer, os populares poderiam agir reforçando os desejos e vontades das classes dominantes ou atuando como descontrolados, agindo irracionalmente através de explosões bárbaras violentas sendo às vezes manipulados também por opositores do governo (RIBEIRO, 1997, p.17). Isto, é de acordo com Ribeiro ao povo “não era dada autonomia de ‘desejos’ e ‘vontades’, muito menos de projetos”. (1997, p.17) Em seguida, analisaremos os estudos dos anos de 1930. Segundo Ribeiro, nesse período ainda persistiu em parte a ideia da inevitabilidade da independência e a falta de consciência da população, embora de certo modo valorizassem a participação popular nos acontecimentos da colônia desde final do XVIII (1997, p.19-20). Todavia, para esses autores “o ‘povo’, era oprimido e fazia ‘barulho’, porém, sua participação dava em nada: tinham pouca consciência do que ocorria ou agiam regionalmente”, esses intelectuais apesar disso não consideravam os populares como incivilizados (RIBEIRO, 1997, p.20). O destaque agora era para a política encarando-a como um processo embasado por fatores de ordem econômica e social, dessa forma o foco era compreender os acontecimentos no contexto mais amplo da crise do absolutismo e das lutas liberais e nacionalistas que aconteciam na América e Europa desde o final do século XVIII (PIMENTA, 2009, p.62; RIBEIRO, 1997, p. 19). Um dos principais intelectuais desse período é Caio Prado Júnior em sua obra de 1933 “Evolução política do Brasil”, conforme explicita Pimenta a independência “é vista como uma revolução – isto é, um movimento profundamente renovador” (2009, p.62). Desse modo, Prado Júnior orientado pela análise marxista da luta de classes concebe a independência como a oposição de interesses entre portugueses e brasileiros, indo até 1850 aproximadamente essa oposição quando a partir daí os brasileiros teriam se consolidado, então como discorre Pimenta para o autor a independência “seria, então, no I Volume XXIII Issue II Version I 11 ( ) Global Journal of Human Social Science - Year 2023 D © 2023 Global Journals Author: Graduanda em História na Universidade Federal Fluminense. e-mail: clarathais@id.uff.br A Independência do Brasil e a Participação Popular Brazil's Independence and Popular Participation
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