Global Journal of Human Social Science, D: History, Archaeology and Anthroplogy, Volume 23 Issue 2

Morals and Violence: Principles for a Historical and Social Cartography of Values A Moral e a Violência: Princípios Para Uma Cartografia Histórica e Social Dos Valores Júlio César Franco Resumo- No presente artigo buscamos identificar elementos que compõem parte de uma cartografia do poder, uma sequência de trabalhos relativos a uma pesquisa maior. Através dos processos criminais de Mallet-PR no Brasil, foi possível encontrar pontos que sugerem uma moral bastante latente na sociedade que configura um exercício do poder, atravessando sujeitos, instituições e saberes. Quando essa moral foi rompida, a resposta foi quase imediata e violenta. A partir disso, veremos como as fronteiras da legalidade, do certo e do errado, do bom e do mau perdem seu caráter dualista, se confundindo e reconstituindo em outras formas de relações. Identificamos aqui, um processo violento de manutenção da moral. Tratamos das conceituações durante todo o texto, com ênfase nas relações de violência no primeiro momento, seguindo com a problematização da moral no segundo momento. Esperamos que esta conversa com a história e a filosofia, permita a todos uma leitura crítica do próprio lugar social. Palavras-chave: historiografia; cartografia; processos criminais; moral; violência. Abstract- In this article we seek to identify elements that make up part of a cartography of power, a sequence of works related to a larger research. Through the criminal processes of Mallet-PR in Brazil, it was possible to find points that suggest a quite latent morality in society that configures an exercise of power, crossing subjects, institutions and knowledge. When that moral was broken, the response was almost immediate and violent. From this, we will see how the frontiers of legality, right and wrong, good and bad lose their dualistic character, getting confused and reconstituted in other forms of relationships. We identify here, a violent process of maintenance of morals. We deal with conceptualizations throughout the text, with emphasis on violence relations in the first moment, continuing with the questioning of morality in the second moment. We hope that this conversation with history and philosophy will allow everyone a critical reading of their own social place. Keywords: historiography; cartography; criminal cases; moral; violence. I. I ntrodução o estudarmos os processos criminais como fontes para historiografia foi possível observar vários contextos, sujeitos, costumes, instituições, A Volume XXIII Issue II Version I 19 ( ) Global Journal of Human Social Science - Year 2023 D © 2023 Global Journals Author: Mestre em História e Regiões pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (2019). Pesquisador de História da Violência. Membro do Núcleo de Estudos de História da Violência da Universidade Estadual do Centro-Oeste. e-mail: juliocfranco27@gmail.com discursos e saberes que se relacionam formando um complexo campo social. São rituais encenados, saberes invocados e instituições acionadas que podem produzir verdades sobre os sujeitos, os espaços e os valores sociais. Ao colocarmos os processos criminais sobre as lentes da história, podemos perceber elementos que compõem uma cartografia social do poder, que apresenta suas linhas de segmentaridades e suas fugas. Para compreendermos uma cartografia como método de investigação histórica, precisamos definir o significado do conceito. Deleuze e Guattari compreenderam que um dos princípios de seu método é a cartografia, reafirmando-a como um mapa de relações: O mapa é aberto, é conectável em todas as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações constantemente. Ele pode ser rasgado, revertido, adaptar-se a montagens de qualquer natureza, ser preparado por um indivíduo, um grupo, uma formação social. Pode-se desenhá-lo numa parede, concebê-lo como obra de arte, construí-lo como uma ação política ou como uma meditação. Uma das características mais importantes do rizoma talvez seja a de ter sempre múltiplas entradas; (...) Um mapa tem múltiplas entradas contrariamente ao decalque que sempre volta ao 'mesmo'. (Deleuze e Guattari, 1995, p. 22). Através destes pressupostos teóricos, podemos remeter uma forma de compreensão da história. Não se trata de criar inúmeras narrativas sem respaldo ou responsabilidade, mas, compreender a multiplicidade das relações de poder que envolvem os momentos na história, as vidas dos sujeitos, o cotidiano, o Estado, o ambiente e os espaços. Momentos que não estão presos ao seu tempo e podem trazer o passado consigo. Quando buscamos compreender uma cartografia na história, significa diretamente rejeitar determinismos, pois um mapa pode ser redimensionado, alterando suas fronteiras e limites a todo momento. Cada linha observada traz consigo um pedaço desse mapa, que pode ser desenhado e redesenhado em diversos momentos e situações. Através de processos criminais podemos observar parte dessas linhas que desenham um mapa, uma cartografia das relações de poder. Neles

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