Global Journal of Human Social Science, E: Economics, Volume 22 Issue 1

fontes de receita. Ainda, ela acrescenta que “The revenue from both these industries has been central to debt alleviation from World Bank and IMF structural adjustment programs, and has created a structural dependence on this form of income generation” (PIPER, UHLIN 2002, pp. 175). Asis (2003) continua o argumento ao apontar a importância do trabalho feminino barateado também para os países que recebem imigrantes. A isso se refere a ideia de globalização do trabalho reprodutivo que foi anteriormente esboçada, e é neste quadro teórico que a migração de mulheres no sudeste asiático será analisada. II. M arco T eórico O tema principal deste trabalho consiste em uma análise da migração de mulheresfilipinas a partir de uma perspectiva de gênero, a partir da ideia de que a reprodução das estruturas do patriarcado também ocorre através do controle estatal do corpo de mulheres migrantes. Nesse caso, conforme Piper e Yamanaka (2005), tanto as políticas de imigração quanto o próprio movimento migratório de mulheres as dividem em categorias que delimitam suas experiências e seu tempo de estadia através de intersecções de gênero, raça e classe. No que se refere às diferentes categorias de estudo de migração e gênero elencadas por Hondagneu-Sotelo (2011), a presente pesquisa insere- se em grande parte na relação analisada entre migração e care work. Isso significa que a migração de mulheres é analisada tendo em vista o trabalho reprodutivo que estas realizam em escala transnacional. O conceito de trabalho reprodutivo pode ser explicado pelo fato de que a migração econômica de mulheres ainda se vê como uma extensão de seu papel social de mães e esposas(PIPER, UHLIN, 2002). Dessa forma, percebe-se a transposição da dicotomia público- privada de Pateman numa era globalizada, ainda marcando a experiência dos corpos femininos e restringindo seus movimentos e sua atuação. Nesse contexto, a teorização de corpo de Silvia Federici, conforme apresenta Teixeira (2021), mostra-se útil na medida em que utiliza da noção do corpo enquanto reflexo do ambiente material no qual estamos inseridos. Assim destaca-se a essencial dominação capitalista sobre o corpo feminino enquanto reprodutor de trabalho considerado “não produtivo”, ou seja, das formas de socialização e manutenção da vida orgânica tão essenciais para o capitalismo quanto a apropriação dos meios de produção. A autora destaca a noção de exigências da reprodução diária da vida, explicitando o profundo valor do cotidiano enquanto local de realização da estrutura capitalista, uma vez que neste se naturaliza. A invisibilidade destas exigências é da mesma natureza da invisibilidade do trabalho reprodutor em si que, com o avanço do neoliberalismo em direção às esferas privadas da vida, convida o mercado a também privatizá-los. Nesse sentido, percebe-se o aparato teórico no qual se insere o tema da migração das domésticas filipinas. A entrada das mulheres de classe alta no mercado de trabalho abre espaços no âmbito do lar que são terceirizados a mulheres migrantes as quais continuam a manter a tarefa de encontrar as exigências de reprodução do cotidiano do lar, e mesmo o trabalho reprodutivo, na figura de trabalhadoras domésticas e esposas imigrantes. Segundo Teixeira (2021): [a reprodução da vida humana] … Visando desde seu surgimento, e de modo fundamental, a reprodução contínua de um modo de ser corporalmente moldado pela disciplina e pela racionalidade do trabalho assim como o barateamento contínuo dos custos dessa reprodução, e, por fim, visando tecer certos laços específicos de sociabilidade e uma estrutura de cotidianidade, o capital garante para si um trabalho reprodutivo que serve para isso: a reprodução da vida humana vira um lugar instrumentalizado, negativizado, alocado na família como centro próprio de reprodutividade segundo tal lógica, um trabalho não remunerado e, supostamente, de “natureza feminina”. Esse trabalho não remunerado significa a expansão das estruturas do capital também enquanto um ambiente de socialização para seus próprios fins. Essa função imposta às mulheres parece entrar em contradição com as novas necessidades do neoliberalismo, pois como Federici (2020) aponta, o mercado também precisa de uma força de trabalho “andrógina” na qual as mulheres inserem-se paulatinamente. Paralelo ao avanço dos interesses do capital percebe-se também, a partir dos anos 1970, o desmantelamento do Estado de bem-estar social, que aprofunda a privatização de aspectos básicos da socialização humana (TEIXEIRA, 2021), gerando a “crise de cuidado” que recai sobre as mulheres (LAN, 2008). Kaur também comenta o papel do Estado e das relações de raça e classe como fatores fundamentais de mediação dos fluxos migratórios na região do sudeste asiático (2007, pp. 304). Nesse sentido, esta pesquisa filia-se ao aparato teórico de Hart (2005) e Federici (2004)a partir da análise do corpo feminino enquanto instrumento de trabalho, resistência e opressão das mulheres no capitalismo. Hart, especialmente, destaca como as figuras de domésticas migrantes simbolizam “old capitalist-patriarchal forms of extracting women 's emotional, physical, and sexual labor” (HART, 2005, pp. 1). Tanto Hart (2005) quanto Federici (2004) destacam e demonstram que este não é um processo novo na história. A novidade consiste no fato de que os corpos das mulheres foram adicionados à categoria de bens exportáveis, devido às interrelações entre o neoliberalismo eo patriarcado. © 2022 Global Journals Volume XXII Issue I Version I 13 ( ) Global Journal of Human Social Science - Year 2022 E Housekeeper’s Work Migration in Southeast Asia - The Philippines Case desenvolvimento econômico de países com poucas

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