Global Journal of Human Social Science, E: Economics, Volume 22 Issue 1

haveria compensação financeira pelo ato, o que seria suficiente para enquadrar-se na legislação. Ainda, destaca-se que o uso da coerção e enganação dessas mulheres pode abrir precedentes suficientes para pensar-se o casocomo tráfico de pessoas, o que torna ainda mais surpreendente o fato de que esta chamada é um aviso de cuidado para as mulheres, quebrando os padrões de Estado paternal anteriormente mencionados, mesmo que não trate-se diretamente de migrantes domésticas. Por fim, a análise das notícias também revela o papel que relações raciais e étnicas possuem na migração, além de destrinchar mecanismos de socialização de gênero que também envolvem-se no processo: • OFWs as models of good behavior – 11/03/2012 ○ “OFWs for the most part have behaved responsibly and possess natural willingness to become citizens of the world, thereby shielding themselves from problems and requiring less government intervention while abroad," Cacdac said. (POEAAdministrator Hans Leo J. Cacdac) ○ “While living and working in another country as ambassadors of goodwill, OFWs conduct themselves appropriately -- respecting laws, customs and traditions," he added. ○ “3. Communicate with your family regularly. Provide them moral and financialsupport. Never forget your status as the moral and spiritual compass of your children. ○ “5. Honor your employment contract. Fulfill your duties and responsibilities provided therein. Do not leave your employer without any justifiable reason. Do not abandon your work capriciously. Remember that any challenge orconflict at work can be hurdled with a positive mindset and an openness to peaceful and humble resolution.” Nesse caso, conforme Oishi (2005) destaca-se o fato de que a notícia veiculada pela POEA reforça estereótipos comumente associados com as mulheres filipinas, que são mais demandadas no mercado transnacional de trabalho reprodutor por serem consideradas “ocidentalizadas”, terem melhores níveis de educação, domínio do inglês, serem cristãs, possuírem “higiene” e terem uma cor da pele mais clara. Analisa-se essa notícia com um olharcrítico sobre o conceito de cidadãs/ãos do mundo apresentado pelo administrador ao observar que os trabalhadores filipinos tem boa aceitação no mercado. E foca-se especialmente no casodas domésticas pelo fato de que estas representam uma grande parcela no total de migrantes deixando o país a cada ano. É importante também ressaltar a associação realizada entre menos intervenções governamentais no exterior e o comportamento “responsável” por parte de filipinos no estrangeiro, especialmente em face à mudança de tom das notícias veiculadas pela POEA a partir de 2017, em que a precaução dos indivíduos é ressaltada ao invés das estruturas de opressão de raça, classe e gênero. Ademais, o terceiro ponto também suscita dúvidas, uma vez que o Estado patriarcal também marca presença ressaltando o papel de mulheres enquanto mães e cuidadoras da família, mesmo quando estas encontram-se no exterior (SHIVAKOTI, et al, 2020) IV. C onclusão O presente artigo buscou analisar a política migratória das Filipinas utilizando-se da categoria de migrantes domésticas como principal enfoque de análise. A partir de categorias como trabalho reprodutor, Estado paternal e controle de fronteiras interno, a teoria feminista de migrações foi utilizada como pano de fundo teórico, justificando e indicando a escolha das notícias relevantes para entender o posicionamento do Estado filipino frente à contradições econômicas e de valores morais. O estudo de caso enquadrou a POEA por sua preponderância na governança migratória do país, utilizando-se de suas notícias como forma de entender o posicionamento estatal. Disso derivou-se o resultado do estudo, que pode perceber uma maior preponderância do elemento de proteção de filipinas nacionais e valores morais do ano de 2013 à 2016, sendo em seguida substituída por uma maior influência de fatores econômicos a partir de 2017. No entanto isso não indicou uma primazia, e casos de banimento de migrações, por exemplo, ainda confirmam a hipótese de que, quando se trata de migração econômica de mulheres, estruturas de gênero influenciam o Estado a adotar um papel paternalista de proteção ou enfrentar um sentimento de vergonha nacional. R eferences R éférences R eferencias 1. ENCINAS-FRANCO, Jean. Gendered Constructions of Overseas Filipino Workers and the Politics of National Shame. Journal of Human Rights and Peace Studies 2020, Vol. 6 Issue 2, 283 – 310, 2. SHIVAKOTI, Richa; HENDERSON, Sophie; WITHERS, Matt. The migration ban policy cycle: a comparative analysis of restrictions on the emigration of women domestic workers. Comparative Migration Studies, 2021, Vol. 9, Issue 36. 3. OISHI, Nana. Women in Motion: Globalization, State Policies, and Labor Migration in Asia. Stanford University Press, 2005. 4. GAATW. Facts and perspectives: Women’s Labour Migration from the Philippines. December, 2020. 5. YEOH, Brenda S.A. 2016. Migration and Gender Politics in Southeast Asia. Migration, Mobility, & Displacement 2 (1): 74-88. © 2022 Global Journals Volume XXII Issue I Version I 17 ( ) Global Journal of Human Social Science - Year 2022 E Housekeeper’s Work Migration in Southeast Asia - The Philippines Case

RkJQdWJsaXNoZXIy NTg4NDg=