Global Journal of Human Social Science, G: Linguistics and Education, Volume 21 Issue 4

Foi a partir desse cenário de discussões, no que diz respeito à educação brasileira e suas demandas contemporâneas, que surgiu o interesse para desenvolver esta pesquisa, ressaltando-se os seguintes pontos: 1 - contribuição ao debate epistemológico sobre a interdisciplinaridade, ampliando as reflexões sobre a produção de conhecimento com base na integração e interação de saberes, cooperando com as instituições e os sujeitos que lidam com a mesma nos processos de formação de recursos humanos e produção de conhecimento; 2 – ênfase na importância dos BI, no que concerne ao fomento à formação superior interdisciplinar, que busca atender às novas dinâmicas de mercado e à complexidade dos fenômenos. Outro aspecto de fundamental importância para a concepção deste estudo foi a percepção de um expressivo acesso aos dois componentes curriculares que integram o eixo da interdisciplinaridade nos BI, a saber, EC1 e EC2, anteriormente referidos. Segundo dados do Sistema Acadêmico da UFBA, entre o período de 2009.1 a 2018.2, o componente EC1 ofertou 16.171 vagas, nas quais 13.000 matrículas foram efetuadas; já o componente EC2 ofertou 11.405 vagas, nas quais 9.312 matrículas foram formalizadas, totalizando, em ambos os componentes, 27.576 vagas ofertadas e 22.312 matrículas realizadas. Esses dados nos fazem observar que, em dez anos de atividades do IHAC, houve um acesso significativo a esses dois componentes, cujas propostas, por meio de suas ementas, tendem a oportunizar discussões interdisciplinares sobre diversas temáticas, inclusive sobre a própria interdisciplinaridade. O propósito deste estudo é, então, fomentar uma discussão sobre a interdisciplinaridade a partir das concepções de docentes que trabalham em um Instituto interdisciplinar, trazendo para o debate os seus limites, as suas possibilidades e os seus desafios. A importância de se discutir esse tema a partir das diferentes concepções dos docentes nos leva a pensar que tal paradigma, por ser demasiadamente complexo e por abranger diversas racionalidades, precisa ser dialogado, refletido e analisado sob diferentes perspectivas. Tudo isso se mostra fundamental para que possamos ter, ao menos, uma razoável compreensão acerca do trabalho interdisciplinar (SCANLON et al, 2019). Nessa direção, a interdisciplinaridade é pensada, nesta pesquisa, a partir de diferentes referenciais teóricos, em seus diversos contextos, como base para a produção de novos olhares direcionados ao ensino, à pesquisa e à extensão, no ensino superior do Brasil. No nosso entender, ela deve ser compreendida em seu caráter multiconceitual, a partir de ideias e concepções dos vários teóricos trazidos ao texto (CRAVEN et al, 2019; FAZENDA, 2006, 2008; JAPIASSU, 1976; KLEIN, 2010; MARTINS et al, 2019; NOVOTNY, 2019; SCANLON et al, 2019: SOMMERMAN, 2012; dentre outros), como possibilidade de confrontações e debates profícuos. De um modo geral, tomaremos como base as concepções que apresentam uma compreensão da interdisciplinaridade considerada como: [...] inovação que emerge a partir de problemas concretos e demanda social que ensejam colaboração estável, durável entre disciplinas, na exploração de um mesmo campo de pesquisa que só existe a partir da articulação orgânica dos instrumentos teóricos e metodológicos tradicionalmente distintos que passam a compor uma nova forma de produzir conhecimento. [...] Trata-se de uma clarificação da diversidade dos fundamentos teóricos das diversas concepções da interdisciplinaridade (PHILIPPI JR & FERNANDES, 2015, p. XX). Vale ressaltar que não existe uma única interdisciplinaridade. Para fins deste estudo, consideraremos as “várias” interdisciplinaridades, o que requer inovação, dinamismo e posturas de reconstrução intelectual de docentes, pesquisadores e demais sujeitos que se enveredam por este caminho, na construção de conhecimentos. Adotamos, como base teórica, a epistemologia interdisciplinar que, segundo José Faria (2015), é aquela que tem como princípio a não existência de uma única forma de produzir e desenvolver os conhecimentos. Tal epistemologia apresenta amplas possibilidades de bases epistemológicas, o que confere à interdisciplinaridade, quando pensada sob essa ótica, a condição de ser multiepistemológica, possibilitando, assim, o estabelecimento do diálogo entre as teorias, as disciplinas, as ciências e entre as pesquisas e o ensino. Concordando com Scanlon et al (2019), consideramos também que “A pesquisa interdisciplinar abre o potencial para o desenvolvimento de novos insights teóricos e inovações metodológicas, reunindo diferentes perspectivas disciplinares para abordar um problema de pesquisa específico.” (SCANLON et al, 2019, p.2, tradução nossa) 3 II. M étodo . Este estudo possui um caráter qualitativo e busca compreender, descrever, interpretar dados, analisar indutivamente e elaborar resultados considerados compreensivos, holísticos e expositivos (BAUER & GASKELL, 2002; MINAYO, 2010; GIL, 2011). Podemos, também, caracterizá-lo como uma pesquisa exploratória, visto que busca descobrir ideias e intuições, bem como aspectos relevantes em relação ao fenômeno estudado, a partir de um grupo específico de docentes (SELLTIZ et al, 1987). 3 “Interdisciplinary research opens up the potential for the development of new theoretical insights and methodological innovations, by bringing different discipline perspectives together to address a particular research problem.” Volume XXI Issue IV Version I 3 ( G ) Global Journal of Human Social Science - © 2021 Global Journals Year 2021 Conceptions on Interdisciplinarity between Teachers of the College Education

RkJQdWJsaXNoZXIy NTg4NDg=