Global Journal of Human Social Science, G: Linguistics and Education, Volume 21 Issue 4

c) “Diálogo” Um dos termos mais associados pelos docentes à interdisciplinaridade foi ‘diálogo’, que aparece em destaque nas figuras 1 e 2. Esse termo se relaciona diretamente com as ideias da maioria dos teóricos que partem do princípio de que o diálogo é o ponto norteador do fazer interdisciplinar, visto que as articulações e as interações disciplinares, dos sujeitos e dos conhecimentos só serão possíveis se houver diálogo nessas relações: “O objetivo da interdisciplinaridade é, portanto, promover diálogo entre pesquisadores de diferentes disciplinas e interessados na pesquisa com o efeito de criar novos significados e/ ou entendimentos. ” 5 (...) é um processo de diálogo entre disciplinas que se estabelecem em sua identidade teórica e metodológica, mas que respeitam os saberes produzidos pelos outros, reconhecendo seus próprios limites, confrontando assim os campos disciplinares para alimentar um problema central sem exigir distanciar-se de suas próprias questões (SCANLON et al, 2019, p. 2, tradução nossa). Fazenda (2008) evidenciou que a interdisciplinaridade se dá entre as pessoas e as disciplinas. Para ela, é por meio do diálogo que as pessoas tornam a disciplina um movimento de constante reflexão, criação e ação, atitudes necessárias na perspectiva do paradigma interdisciplinar: “a interdisciplinaridade requer um diálogo constante entre a loucura que ela desperta e a lucidez que ela exige” (FAZENDA, 2008, p.120). Martins complementa e enriquece essa perspectiva de Fazenda, ao afirmar que a interdisciplinaridade: 6 Note-se que é muito comum pensar na palavra diálogo, quando se pensa em interdisciplinaridade. Dialogar significa “Falar alternadamente, conversar. Travar ou manter entretenimento (duas ou mais pessoas, grupos, entidades etc.) com vista à solução de problemas comuns; entender-se, comunicar-se” (FERREIRA, 1988, p. 220). Para justificá-la como ocupante da primeira posição na ordem das palavras evocadas no TALP, um dos participantes disse o seguinte: “Uma conversa implica várias vezes diálogo e intercâmbio de experiências e saberes de diferentes perspectivas. Isso [...] sinaliza a ideia da interdisciplinaridade” (T10). Ou seja, o diálogo pode existir no âmbito disciplinar; é só quando ele envolve (REYNAUT apud MARTINS, 2019, p.115, tradução nossa). 5 “The purpose of interdisciplinarity is therefore to Foster dialogue between researchers in different disciplines and stakeholders in the research with the effect of creating new meanings and/or understandings.”. 6 Interdisciplinarity is a process of dialogue between disciplines that are established in their theoretical and methodological identity, but which respect the knowledge produced by others, acknowledging their own limits, thereby confronting disciplinary fields to feed a core problem without requiring distancing itself from its own questions. diferentes saberes ou disciplinas que se atinge um diálogo de natureza interdisciplinar. Com um sentido dialógico, as expressões ‘integração’, ‘interação’ e ‘circulação de informações’, citadas pelos entrevistados, se complementam. Ligadas a esse processo dialógico e interacional, outras expressões também foram citadas pelos participantes, tais como ‘novos saberes’ e ‘liberdades’, tomando como referência a compreensão de uma realidade pela ótica dos atravessamentos de diversos olhares, inclusive para além do olhar científico. Essa ‘ampliação do olhar’ acaba por oportunizar a dialogicidade, de modo que os saberes vão sendo reformulados, agregados e ampliados. Seguem algumas falas dos participantes, que discorrem sobre o que acabamos de comentar: [...] para cada indivíduo, para cada professor a interação funciona como uma abertura para eu não ficar na minha caixinha, para eu ouvir as outras caixinhas, interagir com elas e cuidar muito bem da caixinha que estou acrescentando, que estou apresentando. Então, acho que interdisciplinaridade, necessariamente, ela tem que ser interativa, tem que ser relacional [...]. (E1) A interdisciplinaridade é um processo de construção do conhecimento relacional. A perspectiva de rompimento de campos específicos do saber e a percepção do saber a partir de campos, que não são mais campos específicos do saber, mas campos que se constituem a partir de uma perspectiva dialógica. [...] Daí a necessidade de os diversos atores, que estão nesse movimento da discussão do conhecimento, sentarem à mesa, sentarem nos bancos das universidades, sentarem juntos às comunidades para pensar em novas possibilidades de construção de saberes, seja através da implosão desses campos específicos do conhecimento, seja ampliando a possibilidade de retomar os saberes comunitários, populares, enfim, para constituição de uma nova perspectiva do conhecimento. (E11) O diálogo, nesse contexto, se apresenta como um compartilhamento de saberes dos sujeitos envolvidos na pesquisa interdisciplinar. Esses saberes se mostram diretamente relacionados aos conhecimentos, habilidades, teorias, conceitos, métodos, abordagens, resultados e soluções, que dizem respeito ao problema em questão. d) “Complexidade” O termo ‘complexidade’ foi também muito utilizado por alguns docentes ao tratar da interdisciplinaridade e se encontra em destaque nas figuras acima. Ele nos direciona ao pensamento do filósofo Edgar Morin, mais especificamente à sua “Teoria do Pensamento Complexo”. Para esse autor, a ideia de complexidade está relacionada à ‘incerteza do conhecimento’ e centrada na relação entre aquilo que é ordem, desordem e organização. Em outras palavras, trata-se de um campo de estudos epistemológicos, que tem como objetivo romper com a desunião, proposta pela ciência moderna, entre a ciência, o sujeito do © 2021 Global Journals Volume XXI Issue IV Version I 8 ( G ) Global Journal of Human Social Science - Year 2021 Conceptions on Interdisciplinarity between Teachers of the College Education

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