Global Journal of Human Social Science, G: Linguistics and Education, Volume 21 Issue 4
e) “Novas práticas” ‘Novas práticas’ é outra expressão relacionada pelos participantes à interdisciplinaridade. É visível o entendimento deles de que a ação interdisciplinar, necessariamente, estimula a produção de novas práticas. Uma vez que os sujeitos caminham na perspectiva interdisciplinar, sua visão de mundo tende a se modificar e, consequentemente, o perfil prático de suas ações se descaracteriza do padrão científico cartesiano, transformando- se pela amplitude das possibilidades interdisciplinares. Desse modo, as novas práticas passam a integrar o sujeito interdisciplinar, visto que estão presentes na concepção do paradigma que estimula a mudança e a inovação (BRASSLER & DETTMERS, 2017). Durante as entrevistas, ao serem questionados sobre o que seriam essas ‘novas práticas’, alguns dos docentes afirmaram que tal ideia referia-se a ‘possibilidades’, ‘novidades’, coisas ‘diferentes’, ‘diversidade metodológica e de formas’, termos que também aparecem na figura 2 (nuvem de palavras). A ideia de que a interdisciplinaridade se associa a novas práticas nos faz pensar que esse campo requer dos sujeitos posturas diferenciadas daquelas que, tradicionalmente, são adotadas pela maioria dos indivíduos. Portanto, ao adentrar no trabalho interdisciplinar, educadores e pesquisadores precisam desenvolver novas experiências de ensino e de pesquisa, para produzir resultados interdisciplinares. De acordo com Scanlon (2019, p. 10, tradução nossa), “É necessário fornecer tempo e espaço para que os pesquisadores se tornem aculturados em práticas interdisciplinares [...]” 7 . Essas novas práticas é que darão fortalecimento ao movimento de abertura de caixinhas e de atravessamento de fronteiras disciplinares, pois romperão com os padrões tradicionais de ensino, pesquisa e avaliação, ao promoverem outras experiências práticas: “Pensar e fazer interdisciplinares têm o potencial de desfazer as fronteiras implícitas na prática acadêmica [...].” 8 A dificuldade de relacionar aspectos teóricos e práticos da interdisciplinaridade pode ser observada, por um lado, nos relatos de experiências interdisciplinares que evitam teorizar sobre o assunto ou não explicitam os fundamentos teóricos, bem como nas discussões teóricas que carecem, muitas vezes, de exemplos práticos de ações interdisciplinares (ECHEVERRÍA & CARDOSO, 2017, p. 34). Tudo isso, de certo modo, quer dizer que os sujeitos precisam romper (NOVOTNY, 2019, p. 56, tradução nossa). 7 It is necessary to provide the time and space for researchers to become encultured into interdisciplinary practices [...] 8 Interdisciplinary thinking and Making has the potential to unmoor implicit boundaries in one’s academic practice [...] suas próprias fronteiras, seus objetos de pesquisa e suas áreas de atuação, na direção da inovação constante no domínio da práxis científica e pedagógica. ‘Novas práticas’ nos remetem à ideia de ressignificação daquelas que já existem no contexto disciplinar, isto é, utilizar práticas já existentes, porém de modo crítico, articulado, sobretudo com a inovação necessária ao contexto da interdisciplinaridade. Esse é um desafio a ser considerado e um cuidado a ser tomado na práxis pedagógica interdisciplinar. f) Outros termos Outras palavras surgiram a partir da aplicação dos dois instrumentos de pesquisa, conectadas direta ou indiretamente a termos e aspectos já discutidos até aqui. Mesmo aparecendo com pouca frequência, carecem de serem observadas, considerando o grau de importância que representam no contexto do pensamento sobre a interdisciplinaridade. Palavras como ‘multidisciplinaridade’ e ‘transdisciplinaridade’ foram utilizadas, em diversos momentos, como sinônimas de interdisciplinaridade, tanto nas entrevistas, como nos TALP. Essa constatação é importante, na medida em que aponta para a existência de lacunas na formação teórica de alguns participantes da pesquisa, tendo em vista que tais termos já foram, há algum tempo, diferenciados pela literatura especializada que aborda esse tema. Seguem algumas falas a esse respeito: “Para mim, a interdisciplinaridade e a multidisciplinaridade são a mesma coisa. Quer dizer, essa coisa de complexidade das coisas, com os vários lados, que nenhum lado sozinho dá conta.” (E2); “Eu acho interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade, todos esses conceitos, ainda são um mistério, mas acredito que tenham o mesmo sentido. De fato, ainda não existe uma fórmula que defina o que é cada um.” (E7). Tais afirmações reiteram a necessidade de formação continuada dos docentes, para que sejam minimizadas tais lacunas e, consequentemente, aprimoradas as suas práticas. Ao se referir à multi, pluri, inter e transdisciplinaridade, a literatura especializada aponta para uma diferenciação baseada no grau de interações em que as pesquisas se constroem e, também, no tipo de problema a ser solucionado (KLAASSEN, 2018). Quanto mais complexo for o problema, maior grau de integração é necessário. Logo, a escolha da abordagem de aprendizagem torna- se fundamental, para que o problema seja adequadamente solucionado. Compreender a multi, pluri e interdisciplinaridade como sinônimos aumenta os desafios do fazer interdisciplinar, pois a literatura especializada tem apontado para a importância de se diferenciar tais termos para uma melhor efetivação de suas práticas (FAZENDA, 2006; GOLDMANN, 1979; POMBO, 2004; JAPIASSU, 1976). A ideia sobre a © 2021 Global Journals Volume XXI Issue IV Version I 10 ( G ) Global Journal of Human Social Science - Year 2021 Conceptions on Interdisciplinarity between Teachers of the College Education
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