Global Journal of Human Social Science, G: Linguistics and Education, Volume 21 Issue 4
Escolhi a palavra “desafio” porque acredito que a prática e discussão teórica sobre a interdisciplinaridade são problemas complexos, de sociedades complexas, que requerem novas formas de abordagens, resultado de propostas mais adequadas, o que se coloca como um desafio. Também a interdisciplinaridade é um desafio no cenário do ensino universitário, voltados sob formas tradicionalmente disciplinares. (T3) “Desafio”, portanto, é um termo que define a interdisciplinaridade em todos os seus aspectos, sejam eles de compreensão teórica, de operacionalidade prática, de resolução de conflitos, do próprio exercício do trabalho em equipe, das instituições e dos sujeitos. Dentre os diversos vocábulos que foram ressaltados pelos docentes durante os TALP, daremos destaque a alguns outros. Vejamos: ‘Ecologias’ - “Entendo as ecologias como um possível e abrangente princípio ou local de interlocução e religação da vida/corpo/arte; sendo uma matriz de mudanças conceituais e planetárias.” (T2); ‘Cooperação’ - “Para que ocorra uma abordagem interdisciplinar de modo efetivo é necessário que os agentes envolvidos cooperem de forma ativa/participativa, contribuindo sem hierarquia para o alcance do objetivo pretendido.” (T8); ‘Compartilhamento’ - “Quando diferentes disciplinas contribuem para o entendimento e compreensão de um dado fenômeno ou objeto, partilhando as suas singularidades e construindo juntos um saber novo.” (T9). Vale notar que os participantes desta pesquisa utilizam termos diferenciados, corroborando, assim, umas das ideias centrais da interdisciplinaridade, qual seja, a contemplação da diversidade. Ao compararmos as concepções de interdisciplinaridade apresentadas pelos docentes dos quatro BI (Saúde, Humanidade, Artes, Ciência & Tecnologia), não identificamos diferenças relevantes nas suas formas de compreensão, mesmo sendo eles, os docentes, de diferentes áreas. Os participantes, independentemente do BI em que estão inseridos, compreendem a interdisciplinaridade a partir de diversas possibilidades teóricas e práticas. No nosso entender, isso ocorre devido, fundamentalmente, ao trabalho coletivo que é desenvolvido nos componentes EC1 e EC2, uma vez que esses docentes se reúnem, periodicamente, para dialogar sobre suas práticas, dificuldades e reflexões acerca da interdisciplinaridade, em cada um dos componentes. De forma geral, os termos utilizados para designar a interdisciplinaridade nos remetem a uma contínua existência de tendências ao deslocamento, do saber disciplinar para o saber interdisciplinar. Quanto a isso, Faria (2015, p.107) nos diz que A natureza complexa, dinâmica e contraditória desses problemas exige não só diálogos entre as disciplinas próximas, dentro da mesma área do conhecimento, mas também diálogos entre disciplinas de áreas diferentes, como uma interação entre os saberes disciplinares, e entre estes e os não disciplinares oriundos da sociedade, das relações de produção das condições materiais de existências e das culturas. Tudo isso é perpassado pelas reformas do pensamento (MORIN, 2006), pelas reformas universitárias (ALMEIDA FILHO, 2007), pelo desejo de renovação e integração do ensino, da pesquisa e da extensão, pela transformação arquitetônica curricular na universidade (TEIXEIRA et al, 2013). Complementa Faria (2015, p. 122-123) que O campo da interdisciplinaridade é possível de ser analisado sob diversas abordagens. É ao mesmo tempo difícil de compreender e, geralmente, dele é exigido que se constitua em uma unidade mais ou menos coerente, não obstante apresente componentes que atuem em numerosas relações de interdependência ou de subordinação, tornando sua apreensão muitas vezes árdua e crítica. Logo, docentes e pesquisadores que atuam no contexto interdisciplinar, necessitam de bases, concepções, teorias e abordagens sólidas para que possam dialogar e estabelecer intercâmbio conceitual em suas aulas e em suas pesquisas, o que requer atitude, disponibilidade para o novo e formação continuada para acompanhar as mudanças e desafios que o mundo e suas complexidades nos impõem. Contudo, devemos ter em mente que não se alcança a interdisciplinaridade de uma só vez, na medida em que se trata, pois, de um processo contínuo e permanente (REYNAUT, 2015). IV. C onsiderações F inais No decorrer desta pesquisa, evidenciou-se uma multiplicidade de concepções diretamente relacionadas ao conceito de interdisciplinaridade, demonstrando, portanto, que este conceito “[...] não possui ainda um sentido único e estável. Trata-se de um neologismo cuja significação nem sempre é a mesma e cujo papel nem sempre é compreendido da mesma forma” (JAPIASSU, 1976, p, 72). Os seus resultados apontaram, entretanto, para um consenso, qual seja: “Não há uma, mas sim muitas formas de se praticar a interdisciplinaridade” (REYNAUT & ZANONI, 2011). A interdisciplinaridade, enquanto paradigma de produção de saberes, tem alcançado cada vez mais espaço nas pesquisas científicas nos últimos anos. As discussões sobre o que ela vem a ser têm ganhado importância, sobretudo na área da Educação. Nota-se que a busca por uma definição clara sobre a interdisciplinaridade ainda continua em efervescência no campo científico, visto tratar-se de um conceito polissêmico, multifacetado, que abrange complexos modos de entendimento da nova estrutura do conhecimento. Assim, a compreensão desse conceito se mostra relevante, pois possibilita maior amplitude de seu alcance, de modo a atender às demandas das © 2021 Global Journals Volume XXI Issue IV Version I 12 ( G ) Global Journal of Human Social Science - Year 2021 Conceptions on Interdisciplinarity between Teachers of the College Education
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