Global Journal of Human Social Science, H: Interdisciplinary, Volume 23 Issue 5

© 2023 Global Journals Volume XXIII Issue V Version I Global Journal of Human Social Science - Year 2023 ( ) H 5 Professional Training in the Amazon and for the Amazon Diante do avanço de geração de riqueza, produção e circulação do valor na Amazônia, atrelados ao moderno sistema financeiro, utilizando-se de processos violentos, sobretudo nas expropriações de terras e extermínio de indígenas. Sabe-se que As violências, tensões e conflitos relacionados à propriedade somam-se aos componentes das particularidades amazônicas. Assim, Hoje, graves problemas ambientais são intensificados com a invasão de garimpeiros, principalmente em terras indígenas, que também têm as águas poluídas com os despejos dos mercúrios, além de desmatamento e derrubadas de árvores pelas indústrias madeireiras e queimadas das florestas. A resistência dos povos indígenas coloca em evidência a reflexão de Iamamoto (2008), quando analisa que a questão social sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem, “expressando a consciência e a luta pelo reconhecimento dos direitos de cada um e de todos os indivíduos sociais” (p. 160). A história de massacre e extermínio na Amazônia presente no período colonial ainda se evidencia em tempos atuais, em que a resistência política que levanta a bandeira de luta de reivindicações pela Amazônia, envolve, muitas vezes, colocar em risco a própria vida, como ocorreu com os ativistas Chico Mendes, Dorothy Stang, Dom Phillips e Bruno Pereira, dentre outros que perderam a vida em defesa da Amazônia. Essa situação nos leva a refletir sobre as diversas faltas de cobertura de proteção aos povos que vivem na Amazônia, principalmente quando falamos de proteção social diante de um estado em que prevalece uma modernização conservadora acoplada ao estado neoliberal. O desmonte de políticas públicas de interesse regional atinge fortemente os povos da floresta (seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, pescadores, caboclos, índios, dentre outros), expostos às diversas formas de violação de direitos. Teixeira (2008) analisa que os povos da floresta no espaço regional não seriam pobres, miseráveis, “excluídos”, se pudessem continuar com a livre apropriação dos produtos do rio ou da floresta e de suas terras. Os trabalhadores amazônidas seriam no máximo típicos, mas não pobres. O movimento do capital na região tornou-os mais do que pobres, tornou- os miseráveis. Além do movimento do capital na região, as particularidades geográficas implicadas pela extensão territorial e ainda pouco povoada em comparação às demais regiões brasileiras revela a oferta de serviços concentrados, principalmente, nas cidades. As áreas rurais e as mais longínquas ficam, geralmente, sem acesso ou com acesso limitado aos serviços básicos essenciais à vida. São locais onde o poder público não chega e as pessoas sem recursos financeiros para custear o trânsito de uma viagem permanecem desassistidas e vulneráveis, apesar da potencialidade em seus territórios. Cada município amazônico possui especificidades territoriais em seu modo de vida e na sua relação com a natureza diante da diversidade dos ecossistemas regionais, caracterizada em muitas localidades pelas terras de várzea que sofrem com as enchentes dos rios e as terras firmes. Os regimes de cheia e seca dos rios demandam várias mudanças no modo de vida dos ribeirinhos e das comunidades rurais que são atingidas pelos movimentos das águas, que rege a vida amazônica e impacta a região como um todo. Apesar do grande volume de água na Amazônia, a maioria dos ribeirinhos e moradores de comunidades rurais não dispõe de água própria para o consumo humano, muitas vezes, a água bruta sem tratamento é sua única opção, colocando a saúde em risco. Sobre a falta de acesso às políticas públicas, pode-se refletir à luz da análise de Scherer e Oliveira (2006), ao sinalizarem que a Amazônia ainda vive inúmeras contradições evidenciadas em planos de governo desenraizados da história e dos lugares, do espaço e do tempo, onde ao mesmo tempo pode-se notar o acesso às avançadas tecnologias da modernidade e a falta de acesso da grande maioria da população às necessidades sociais básicas. Diante das riquezas, das carências e das potencialidades que se apresentam em meio às particularidades regionais, sugere-se olhar para a Amazônia, para os investimentos em políticas públicas adequadas à população local e à formação qualificada de profissionais que possam debater o seu futuro e contribuir para o seu desenvolvimento com uma formação na Amazônia e para a Amazônia, a fim de enfrentar os dilemas e desafios que se projetam sobre a região frente à crise do mundo globalizado. a partir do golpe de 2016, mas, sobretudo desde o início do governo Bolsonaro em janeiro de 2019, o processo de espoliação da Amazônia é intensificado, sobretudo com o boom econômico das commodities (PINHEIRO, VALLINA, VALLINA, 2022, p. 96). dinheiro e extermínio caminharam juntos em processos de expansão da fronteira capitalista na Amazônia, com novos repertórios de violência a cada nova frente econômica (MICHELOTTI, MALHEIRO, 2020, p. 646). a violência sobre os povos originários e tradicionais que habitam a região têm sido algumas das graves e emblemáticas refrações da questão social que se apresentam na Amazônia (PINHEIRO, VALLINA, VALLINA, 2022, p. 100). A Região Amazônica caracteriza-se por dois grandes tipos de ecossistema: a terra de várzea que são as áreas baixas nas beiras dos rios, sujeitas a inundações durante o período em que os rios enchem e as terras firmes que são as áreas relativamente altas que não estão sujeitas às inundações sazonais (SCHERER, 2004, p. 2).

RkJQdWJsaXNoZXIy NTg4NDg=