Global Journal of Human Social Science, H: Interdisciplinary, Volume 23 Issue 5
© 2023 Global Journals Volume XXIII Issue V Version I Global Journal of Human Social Science - Year 2023 ( ) H 6 Professional Training in the Amazon and for the Amazon IV. P or Q ue P recisamos F ormar na A mazônia e P ara a A mazônia? Sendo a Amazônia um espaço plural e sociobiodiverso, requer um conjunto vasto e articulado de conhecimentos que permita aos profissionais formados nas diversas áreas do conhecimento a construção de estratégias de trabalho que respondam às demandas gerais e particulares dos povos que habitam a Amazônia. Neste artigo, o foco está na formação profissional em Serviço Social na Amazônia, reconhecendo a imprescindibilidade de que as expressões da questão social nesta região possam ser compreendidas a partir da historicidade e processualidade que se revelam na tríade categorial da universalidade, particularidade e singularidade. Ao referirmo-nos à tríade dialética universalidade, particularidade e singularidade, merecem destaque as contribuições de Lukács (1978), Pontes (2008) e Netto (2005), os quais postulam que a dialética desta tríade se revela na realidade da vida cotidiana. No campo da singularidade, as determinações ainda estão obscurecidas, restritas aos objetos em si mesmos, na medida em que se visualiza a imediaticidade. Ao superar a imediaticidade e avançar para a particularidade, temos a possibilidade de vislumbrar as mediações e as determinações que incidem sobre os processos sociais. Esse movimento É na universalidade que as grandes determinações são apreendidas, considerando a formação sócio-histórica. É nesse campo que as manifestações particulares são conectadas às determinações macroestruturais. Para fazer essa passagem e captar as conexões entre universal, particular e singular, as mediações são imperiosas, porque Trazendo a tríade dialética universalidade, particularidade e singularidade para interpretar a formação sócio-histórica da sociedade brasileira e, necessariamente, a formação da Amazônia, temos a possibilidade de compreender que a Amazônia não é um simples espaço geográfico “exótico”, é um complexo social, cultural, político, econômico, biológico que precisa ser captado em sua processualidade, como parte de uma totalidade. O capitalismo desigual e dependente que se desenvolveu na Amazônia tem determinações mais amplas que são percebidas nas várias sociedades capitalistas, porém possui também particularidades que se expressam na realidade amazônica, marcada por ambientes de várzea e terra firme, povos tradicionais e originários, diferentes etnias, costumes e tradições etc. Se procurarmos entender a Amazônia sob a perspectiva da singularidade, sem a relação com a universalidade e a particularidade, esvaziamos a interpretação, porque buscaremos explicar a Amazônia por ela mesma, no nível de sua existência imediata. Com isso, a interpretação será pobre em captação de determinações. Ao fazermos a mediação, temos a possibilidade de entender a Amazônia como atravessada por elementos universais que ganham conformações singulares nesse recanto do planeta, mas que carregam em si a universalidade. Ainda que reconheçamos que a formação profissional em Serviço Social tenha no horizonte um perfil generalista, isso não significa primar apenas por debates conjunturais, internacionais e nacionais. É preciso conectar o local e o global, o regional e o nacional, o amplo e o específico, de modo que os profissionais em formação sejam conduzidos à construção de uma análise de conjuntura que lhes permita interpretar a realidade a partir de uma perspectiva de totalidade. Nesse processo, a categoria mediação contribui sobremaneira ao articular universal, particular e singular. Em pesquisa realizada com egressos de duas universidades localizadas na Amazônia, Pontes et. al. (2019) constatam que a categoria mediação confunde- se com a intermediação de conflitos quando, na verdade, trata-se de uma categoria intrínseca ao método materialismo histórico-dialético. O que se percebe é que, no espaço institucional, onde se realiza potencialmente o trabalho profissional, esta categoria tecnificou-se. Isto se deve à fragilidade da compreensão acerca do real sentido da mediação, que não se atém ao relacionamento entre usuário e outros profissionais. A mediação permite a apreensão das determinações mais gerais e, ainda, das manifestações mais singulares dos fenômenos sociais. A mediação é uma categoria dialética que contribui para que as demandas institucionais sejam transformadas em demandas socioprofissionais quando são despidas da pseudoconcreticidade da forma como se apresentam (em seu aspecto fenomênico) para serem compreendidas na tríade universalidade – particularidade – singularidade. Ao lançar mão da mediação, torna-se possível perceber o universal no singular e o singular no universal, mediatizados pelo particular. Uma formação profissional desenvolvida no espaço amazônico não pode ser alheia às particularidades da Amazônia, de modo a favorecer um trabalho profissional qualificado, capaz de responder às demandas dos diversos povos e etnias que habitam a Amazônia. não se trata de uma busca externa ao objeto, de nenhuma determinação transcendente ao ser; trata-se de uma captação a partir dos próprios fatos [...] e do seu automovimento, das mediações com a dinâmica de Universalidade (PONTES, 2008, p. 85). têm a função de conduto de ‘passagens’ e ‘conversões’ entre as várias instâncias da totalidade. Por isso, a categoria mediação é estruturante da particularidade (PONTES, 2008, p. 86).
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