Global Journal of Human Social Science, H: Interdisciplinary, Volume 23 Issue 5

© 2023 Global Journals Volume XXIII Issue V Version I Global Journal of Human Social Science - Year 2023 ( ) H 7 Professional Training in the Amazon and for the Amazon Entretanto, este ainda é um grande desafio, visto que, de acordo com pesquisas conduzidas por Andrade, Costa e Sousa (2018) e Nascimento et al. (2021), muitos egressos de Serviço Social formados em universidades públicas e privadas situadas no coração da Amazônia apontam parcas discussões mais específicas sobre a realidade da questão social nos estados amazônicos e o conhecimento a respeito dos povos amazônidas (negros, indígenas, ribeirinhos e outros). Nascimento et. al. (2021) asseveram que os currículos dos cursos de Serviço Social da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e da Universidade Federal do Pará (UFPA), por exemplo, não assumem a questão étnico-racial como conteúdo explicativo das desigualdades sociais, apesar da composição demográfica do Amazonas e do Pará ser predominante de negros e indígenas e descendentes. Segundo os autores, somente em 2017, a disciplina proposta, denominada “Relações Étnico-Raciais no Brasil e na Amazônia”, foi aprovada, mas não pôde ser implementada em razão de que a avaliação do projeto pedagógico não tinha sido finalizada. A UFAM, por sua vez, tanto no campus sediado na capital Manaus quanto no campus na cidade de Parintins, não possui em seus projetos pedagógicos a disciplina raça/etnia/classe social em caráter obrigatório. Esse debate pode ou não ser incorporado de forma transversal em outras disciplinas regulares da matriz curricular, como Questão Social na Amazônia ou História da Cultura da Amazônia, a depender da afinidade do professor com este tema (NASCIMENTO et. al., 2021). A incorporação da discussão de raça/etnia/ classe social no interior da categoria profissional é tardia e as produções são incipientes. E não é pelo fato de este tema ter conseguido visibilidade na agenda do Serviço Social que ele seja diretamente incorporado no currículo de formação profissional. A pesquisa dos autores aludidos comprova que este tema, com maior envergadura voltada para a população negra, tem tido maior aceitação nos estados do sul e do sudeste do país, levando, inclusive, à reivindicação pela presença de professores negros no quadro docente da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo em 2018. Espera-se que a temática indígena tenha maior envergadura de abordagem no debate de raça/etnia/ classe social nos estados do Norte do país, haja vista que a formação profissional na região amazônica não tem dado a primazia esperada a esta discussão e nem em relação à realidade dos outros povos que compõem o cenário demográfico e social neste local do país. É importante destacar, como frisa Lima (2010), que a questão regional amazônica não é unicamente ambiental; é política, econômica e social. Desde o início do processo de colonização da região, os seus territórios têm sido saqueados e os seus povos têm sido expulsos de suas terras para a expansão de grupos econômicos, causando uma agressiva devastação da natureza, dizimação de povos originários e mazelas sociais em sua população. No tempo contemporâneo, a economia capitalista mundial deixa de ser internacional e passa a ser transnacional. Isto significa que, frente ao esgotamento das reservas naturais nos países centrais, estes buscam suprir as suas necessidades com os recursos dos países da América Latina. A face predatória do capitalismo na Amazônia tem levado ao esgotamento de suas reservas naturais com o apoio e incentivos do Estado nacional e, principalmente, desencadeado o agravamento da questão social no contexto de vida dos povos que vivem na região. O desafio à formação dos assistentes sociais na região amazônica é relacionar a problemática ambiental e suas políticas públicas específicas (LIMA, 2010). Mas, não apenas isso, se quisermos alinhar os objetivos do nosso trabalho profissional aos princípios do projeto ético-político é necessário que os assistentes sociais estejam preparados para contribuir no fortalecimento das lutas sociais dos povos que aqui existem/resistem, instrumentalizando-os para a participação social nas esferas democráticas de direito para o reconhecimento público de suas pautas políticas. O Serviço Social tem reafirmado o seu compromisso com uma formação profissional de qualidade, crítica e comprometida com os interesses das classes subalternas. Sendo as demandas da profissão provenientes da realidade social, a qual se encontra em permanente transformação, a formação profissional precisa estar sintonizada com o tempo contemporâneo. O tempo contemporâneo sinaliza as investidas avassaladoras do capitalismo na região amazônica que são sentidas pelos assistentes sociais diante de demandas advindas de novas formas destrutivas do meio ambiente, dos ataques aos povos originários e à força de trabalho. Desafia, assim, os profissionais à constante atualização teórica e a uma rigorosa análise crítica do movimento do real, sem perder de vista o compromisso ético-político e a direção social da profissão. O debate contemporâneo da formação profissional para a Amazônia deve reforçar a incorporação destas questões regionais apreendidas em suas particularidades, sob a perspectiva da totalidade, compreendendo que, embora global, o capitalismo tem formas particulares de se aprofundar e avançar de modo destrutivo na região amazônica. V. C onsiderações F inais Uma formação profissional conduzida na Amazônia não pode ser alheia às particularidades da Amazônia. Pensar em Amazônia implica considerar

RkJQdWJsaXNoZXIy NTg4NDg=